Piscicultura Santa Cândida

A Água

A água é o composto considerado como a essência do planeta e domina por completo a composição química dos seres vivos, além de ser o meio onde vivem os peixes. Uma água boa para o pescado nem sempre é uma água boa parar bebermos. Ela deve conter uma série de componentes na medida certa. A produção de um viveiro está diretamente relacionada com a qualidade da água que o abastece. A seguir apresenta-se uma descrição dos principais fatores abióticos da água que geram efeitos sobre a vida aquática, e suas interações:

Temperatura:

A temperatura da água é um dos principais fatores que afetam o desenvolvimento e a vida dos peixes. Reprodução, alimentação, defesa imunológica, etc., estão intimamente ligadas à temperatura da água. Isso porque os peixes são animais ectotérmicos, isto é, a temperatura do seu corpo é influenciada pelo ambiente. Existem temperaturas ideais para alimentação, reprodução, resistência a doenças para cada grupo de peixes. Outra importância é que os níveis de oxigênio dissolvido (OD) tem uma relação inversamente proporcional ao aumento da temperatura, ou seja, quanto mais subir a tempuratura da água menor será a quantidade de OD disponível para os animais.

Transparência:

A transparência é uma medida diretamente relacionada com a quantidade de matéria orgânica, plâncton, materiais em suspensão decorrentes das chuvas, etc., presente na água. Quando a transparência está relaciona a partículas de argila e silte em suspensão a água fica a água apresenta uma coloração na cor de café (água barrenta). No caso de estar relacionada a excesso de plâncton a água apresenta coloração esverdeada. O estabelecimento de uma transparência ideal para piscicultura é muito difícil, mas está comumente ente 40 a 60cm. Tanques muito transparentes (mais de 60cm) favorecem o desenvolvimento de macrofilas. Já a transparência menor de 40cm indica excesso de matéria orgânica e conseqüente diminuição dos níveis de OD. Outro problema é o excesso de partículas de argila que grudam nas brânquias e causam problemas de respiração nos peixes. Para medir a transparência da água utiliza-se o Disco de Secchi, que consiste em um disco de aproximadamente 20cm de diâmetro divido em 4 partes iguais, sendo duas brancas e duas negras, dispostas alternadamente. Uma fita métrica é presa ao disco e este é mergulhado na água. Daí mede-se a profundidade máxima que o disco consegue ser visto com clareza.

Oxigênio dissolvido (OD):

O oxigênio é o gás mais importante para os peixes. As fontes de H são a atmosfera e a fotossíntese. Em ecossistemas aquáticos esse gás é consumido de diversas formas, como se segue: decomposição da matéria orgânica, respiração e oxidação de metais. Sabendo-se da importância do OD para a piscicultura, o produtor deve se preocupar com esse fator de forma que o seu sucesso estará diretamente ligado ao seu esforço no seu controle. Assim sendo, antes de se iniciar uma piscicultura deve-se observar se há quantidade de água suficiente, e de qualidade, caso contrário o produtor deverá lançar mão de artifícios para controlar o H, como por exemplo, o uso de aeradores, oxigenadores, filtros biológicos, etc. O horário ideal para controle dos níveis de OD é logo pela manhã, pois durante a noite todos os orgânismos do viveiro (peixes, algas, microrganismos, plâncton, etc.) consomem O2. Portanto, são nas primeiras horas da manhã que a concentração de OD se encontra crítica, o que pode ocasionar problemas crônicos nos peixes e até a morte.

Gás Carbônico:

É um gás que apresenta uma grande importância para o meio aquático. Esse gás pode causar problemas para a piscicultura, no entanto, seus efeitos mais deletérios estão relacionados com problemas de asfixia que pode provocar. Considerando-se os processos naturais no ambiente, altas concentrações de CO2 ocorrem, particularmente, em tanques após morte maciça de fitoplâncton ou em dias nublados.

Potencial Hidrogeniônico:

pH é definido como uma medida que expressa acidez ou a alcalinidade de uma solução e, além de ser influenciado pelas concentrações de íons H+ e OH-, também é afetada fortemente por sais, ácidos e bases que ocorram no meio. Os peixes geralmente vivem em pH na faixa de 5,0 a 9,5, mas o melhor para a piscicultura tropical é pH na faixa de 7,0 a 8,0 (neutro ou ligeiramente alcalino). Mas o mais importante é que a maioria dos peixes não sobrevive a grandes variações de pH, mesmo que o valor absoluto não saia da faixa de tolerância. Ex.: variação brusca de 8,5 a 6,5 pode ser fatal. O pH varia em função de uma série de fatores e, por isso, é recomendável monitorá-lo sempre. Fatores como excesso de algas, vegetais e fitoplâncton provocam acidificação da água. Excesso de ração ou mesmo estresse dos peixes provocará aumento acentuado de liberação de amônia, o que também irá acidificar o meio.

Alcalinidade:

É capacidade da água de neutralizar ácidos. Refere-se a concentração total de sais na água, sendo expressa em equivalentes de carbonato de cálcio (CaCO3), bicarbonato (HCO3), hidroxila (OH), sais orgânicos entre outros que são capazes de neutralizar íons H+. Para tanques de piscicultura são desejáveis valores de alcalinidade acima 20mg/l, sendo que valores entre 200 a 300mg/l são os mais indicados.

Dureza na água:

Grosseiramente a dureza da água pode ser definida como sua capacidade de resistir as mudanças de pH durante o transcorrer do dia. É importante dizer que de correlacionadas, dureza e alcalinidade, não significa que sempre que tivermos uma água muito alcalina ela terá alta dureza.

Condutividade elétrica:

É a medida direta da quantidade de íons na água (teor de sais na água). Altos valores de condutividade significa altas taxas de decomposição de matéria orgânica e isso é um parâmentro para quantidade de nutrientes disponíveis ou mesmo indício de problemas com poluição da água. Os valores desejáveis para criação de peixes ficam entre 20 e 100mS/cm.

Fósforo:

Este elemento pode originar-se do intemperismo de rochas, excreta de animais, detergentes e de fertilizantes químicos. Sua importância para o ambiente aquático está no fato de armazenar energia (ATP), faz parte da estrutura da membrana celular e é o fator limitante do desenvolvimento dos organismos produtores primários. Ele é responsável pela eutrofização natural da água. O Fósforo orgânico ou inorgânico, pode apresentar-se na forma solúvel.

Enxofre:

O enxofre pode apresentar-se sob diversas maneiras. Dessas, as mais comuns são o íon sulfato e o gás sulfídrico, sendo a primeira forma a mais importante para os orgânismos produtores. Em condições drásticas de queda do teor de OD na água, o gás sulfídrico formado pela ação dos decompositores, acumula-se na porção mais profunda do viveiro causando a morte dos organismos que ocupam esta parte do tanque.

Nitrogênio:

O nitrogênio se origina de aportes fluviais e lençóis freáticos, da decomposição da matéria orgânica e da fixação biológica. Esse elemento também ocorre sob várias formas porém as mais importantes são o N2 amônia (NH3/ NH4+) e sob a forma de nitratos e nitritos (NO2- e NO3-, respectivamente). A maior vantagem da assimilação do amônio é que o mesmo pode transformar-se em amônia não ionizada que é um gás tóxico aos animais em altas concentrações.